quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Odes ao estrangeirismo

No modernismo os autores da primeira fase faziam criticas ferozes aos textos de formação e informação dos primeiros jesuítas que chegaram ao Brasil. Nesses poemas o foco principal de critica era a exploração estrangeira em relação ao nosso país, e como pode ser visto ainda na atualidade temos parodias desse tipo, como a de Ney Matogrosso “Yes, nós temos bananas”, a qual mostra o advertisement brasileiro no exterior, isto é, a banana, o café, o tropicalismo, etc.



Yes
Nós temos bananas
Bananas
Pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda
E faz crescer

Vai para a França
O café
Pois é
Para o Japão
O algodão
Pois não
Pro mundo inteiro
Homem ou mulher
Bananas
Para quem quiser

( infografico: acima Carmen Miranda, brazilian show bussines, em um de seus shows)

Odes modernas e Odes aos burgueses.


Foto representando a alienação humana


Sobre o futurismo: “Esse movimento retrata a exaltação a tecnologia, o dinamismo, a guerra, o homem como maquina, o ódio, a total alienação perante a tecnologia...”.

Essas características podem ser vistas claramente em poesias de Mario de Andrade, como por exemplo, “Ode ao Burguês”.


Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
— Um colar... — Conto e quinhentos!!!
Más nós morremos de fome!"
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma
!


Mario de Andrade

Moça linda bem tratada

Moça linda bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.

Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.

Mulher gordaça, filó,
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...

Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terremoto
Que a porta de pobre arromba:
Uma bomba.


Mario de Andrade

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

MOMENTO NUM CAFÉ


Quando o enterro passou

Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida.

Um no entanto se descobriu num gesto longo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
Esaudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.

Manuel Bandeira

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Critica a formalidade

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
 
                            Oswald de Andrade

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Os sapos


Como não pode participar da semana de arte moderna de 22, Manuel bandeira deixou a sua poesia “Os sapos” para ser lida por seus amigos. O texto faz uma critica ao Parnasianismo e suas características. Acima temos um trecho desse poema. 


Um pouco mais de nossa cultura...


"Segundo Freud o Pai da tribo teria sido morto e comido pelos filhos e posteriormente divinizado", Com inspiração nisso Oswald de Andrade cria o manifesto antropofágico, onde deviríamos nos alimentar de nossa própria cultura.

Inspiração


de ouvido

di vi
di do
entre
o
ver
&
o
vidro
du vi do


Poesia concreta do Escritor Modernista Paulo Leminski, que como Oswald de Andrade e Manuel Bandeira teve inspiração Cubista para seus poemas.

Sobre Miramar

Poética

Um dos poemas pílulas de Manuel Bandeira, isto é, poemas rápidos e diretos. Importante característica formal dos artistas da primeira fase.

Herói sem caráter


A foto faz alusão à obra Macunaíma, o herói sem caráter.

Oswald de Andrade - Memórias Sentimentais de João Miramar


                 Memórias Sentimentais de João Miramar foi lançada em 1924, dois anos após a Semana de Arte Moderna. É a primeira prosa modernista.É dividido em 163 fragmentos curtos, cada um com uma historia, não tendo ligação uma com a outra, mas no final é possível estabelecer a ligação entre cada parte do livro, deixando uma característica cubofuturista. Oswald Andrade constrói uma personagem semi-autobiográfico, João Miramar. A história é contada em primeira pessoa, narrador personagem. Pode-se dizer que a obra segue uma ordem cronológica de fatos.

                 Oswald era contra a linguagem culta e trás uma nova forma de fazer literatura, usando a liberdade em suas palavras, colocando no lugar da gramática a criatividade, neologismo, oralidade, coloquialismo.
O livro conta a história de um brasileiro rico desde sua infância, a viagem a Europa, o casamento, amantes, desquite por traição, vida e vaidades, problemas financeiros. A ironia é muito usada, como forma de critica a sociedade e a economia da época. Grande parte da história se passa em São Paulo de 1912 a 1918.

domingo, 2 de novembro de 2008

Mario de Andrade - Macunaíma

              Macunaíma, publicada em 1928, é uma das grandes obras do modernista Mário de Andrade, que foca que retrata desde os mínimos detalhes às mais interessantes curiosidades sobre a cultura e o folclore brasileiro.
              Através da historia de Macunaíma, indiozinho amazônico, a literatura marioandradiana expõe muito de sua ideologia modernista, o que é possível verificar logo no primeiro capitulo do livro, quando são apresentados vários elementos relacionados ao folclore regional com uma linguagem totalmente diferenciada, que tem a metáfora como a alma do texto, o vocabulário bem nacionalista e coloquial, chegando até a ridicularizar a norma culta gramatical em algumas de suas passagens. Alem disso, é possível perceber que não há preocupação com pontuação, as vírgulas são escassas, o que contribui para deixar o texto mais dinâmico, com tendência futurista.
              Mais impressionante é que logo nas primeiras linhas da obra, ao citar como foi o nascimento de Macunaíma, Mario o classifica como “O herói de nossa gente”, que a primeira vista, nos remete a características bem indianistas e nos permite até lembrar de Iracema, obra de José de Alencar pertencente ao Romantismo. Todavia a continuação da leitura nos mostra que não: A narração não tem como objetivo exaltar ou imacular o índio, tanto que Mario de Andrade expõe muitos defeitos do “herói” e o próprio subtítulo da obra (“O herói sem nenhum caráter”) nos leva a isso. O relato de Macunaíma vai muito mais alem: faz-nos chocar com nossas próprias crenças, pensamentos, características, enfim, com nossa própria historia.
                E é aí que entra a genialidade do autor, que mesmo sendo um ícone modernista, Mario opta por escrever sobre as raízes de nosso povo, de nossa cultura. Mas é sutil e gracioso ao diferenciar: “Toda tentativa de modernização implica a passadização da coisa que a gente quer modernizar.” Ele escancara a todos os brasileiros que precisamos mudar nossa maneira de enxergar a arte, a musica, a escultura, a linguagem, a arquitetura; Porem não podemos esquecer de nossa cultura e tradição. Nossa historia é nossa realidade e entende-la significa desenvolver uma visão ampla sobre o presente, para não nos deixarmos levar pelo banalismo ou pelo preconceito. O tempo presente é imbuído de passado!

Enfim, Macunaíma é um importante relato do povo brasileiro, e como não poderia deixar de citar, uma incrível RAPSÓDIA, que mistura lendas e mitologia indígena, enriquecendo ainda mais nossos registros.

“... nós só seremos deveras uma raça, o dia em que nos tradicionalizarmos integralmente e só seremos uma nação quando enriquecermos a humanidade com um contingente original e nacional de cultura.”
                                                                                                             Mário de Andrade


Manuel Bandeira - Libertinagem


              De um lirismo fora do comum, Manuel Bandeira é um dos escritores mais bem lembrado e estudado do país, já que suas obras apesar de serem diretas e simples, trazem temáticas universais que merecem ser decifradas e relidas a cada minuto. Sua obra poética é basicamente dividida em três partes: a parnasiana, a modernista e por fim a pos-moderna. Sendo a segunda (do modernismo) que mais nos interessa, pois foi ai em que o autor publicou o seu livro libertinagem, um dos simbolos nato do modernismo brasileiro. 
              Em libertinagem, com um tom escatologico porem romantico Manuel Bandeira retrata o nosso cotidiano de uma forma até então não muito comun, isto eh, simploria e direta, que so fora mostrada no realismo/naturalismo ( a unica diferenca eh que nessas escolas literarias so era demonstrada a vida palpavel, no entanto manuel bandeira ia alem, tornando nao so os objetos mas tambem os seus sentimentos visiveis). Tudo que passou e que ele poderia ter feito e nao fez se torna uma tragedia nessa obra, era o fim, pois como Bandeira tinha problemas pulmonares ( mostrado em sua poesia PNEUMOTÓRAX) ele queria extrair o maximo possivel de tudo, pois sabia que a qualquer hora, poderia chegar a sua. E esta eh uma das sombras do parnasianismo em sua escrita.
               Quanto à linguagem do livro, somente uma palavra: Liberdade. Liberdade de expressao, liberdade com os versos e rimas, com caracteristicas fortes das vanguardas como o concretismo cubista, o tom desesperado do dadaismo, e para um grand finale um pouco de loucura do surrealismo. O titulo do livro faz uma alusao a liberdade que os poetas necessitavam apos seculos de incasaveis metricas e rimas contadas, e define bem o espirito modernista, como um animal que precisa se libertar de uma jaula, para voltar ao seu instito natural, a sua natureza selvagem, e foi isso que esses autores fizeram, transformando de uma forma extraordinária o mínimo em Maximo.

O inicio de tudo


Antes de comentarmos sobre as obras literárias de Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mario de Andrade sugerimos a todos que assistam o vídeo a seguir: ( www.youtube.com/watch?v=DZiA6lKwZBg) , o qual demonstra as vanguardas literárias e movimentos artísticos que inspiraram nossos escritores a criarem suas obras, facilitando assim o entendimento sobre nossas analises.

- Odes modernas