domingo, 2 de novembro de 2008

Mario de Andrade - Macunaíma

              Macunaíma, publicada em 1928, é uma das grandes obras do modernista Mário de Andrade, que foca que retrata desde os mínimos detalhes às mais interessantes curiosidades sobre a cultura e o folclore brasileiro.
              Através da historia de Macunaíma, indiozinho amazônico, a literatura marioandradiana expõe muito de sua ideologia modernista, o que é possível verificar logo no primeiro capitulo do livro, quando são apresentados vários elementos relacionados ao folclore regional com uma linguagem totalmente diferenciada, que tem a metáfora como a alma do texto, o vocabulário bem nacionalista e coloquial, chegando até a ridicularizar a norma culta gramatical em algumas de suas passagens. Alem disso, é possível perceber que não há preocupação com pontuação, as vírgulas são escassas, o que contribui para deixar o texto mais dinâmico, com tendência futurista.
              Mais impressionante é que logo nas primeiras linhas da obra, ao citar como foi o nascimento de Macunaíma, Mario o classifica como “O herói de nossa gente”, que a primeira vista, nos remete a características bem indianistas e nos permite até lembrar de Iracema, obra de José de Alencar pertencente ao Romantismo. Todavia a continuação da leitura nos mostra que não: A narração não tem como objetivo exaltar ou imacular o índio, tanto que Mario de Andrade expõe muitos defeitos do “herói” e o próprio subtítulo da obra (“O herói sem nenhum caráter”) nos leva a isso. O relato de Macunaíma vai muito mais alem: faz-nos chocar com nossas próprias crenças, pensamentos, características, enfim, com nossa própria historia.
                E é aí que entra a genialidade do autor, que mesmo sendo um ícone modernista, Mario opta por escrever sobre as raízes de nosso povo, de nossa cultura. Mas é sutil e gracioso ao diferenciar: “Toda tentativa de modernização implica a passadização da coisa que a gente quer modernizar.” Ele escancara a todos os brasileiros que precisamos mudar nossa maneira de enxergar a arte, a musica, a escultura, a linguagem, a arquitetura; Porem não podemos esquecer de nossa cultura e tradição. Nossa historia é nossa realidade e entende-la significa desenvolver uma visão ampla sobre o presente, para não nos deixarmos levar pelo banalismo ou pelo preconceito. O tempo presente é imbuído de passado!

Enfim, Macunaíma é um importante relato do povo brasileiro, e como não poderia deixar de citar, uma incrível RAPSÓDIA, que mistura lendas e mitologia indígena, enriquecendo ainda mais nossos registros.

“... nós só seremos deveras uma raça, o dia em que nos tradicionalizarmos integralmente e só seremos uma nação quando enriquecermos a humanidade com um contingente original e nacional de cultura.”
                                                                                                             Mário de Andrade


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